WARM UP
- emanassar
- 13 de mar. de 2019
- 2 min de leitura
Insegurança. “Boom” do turismo. Falta de investimento na população. Difícil mobilidade. Preços inflacionados. Estes foram apenas alguns dos problemas abordados por moradores da Graça, com os quais nós falámos na manhã da passada 4ª feira.
“A Graça está muito mudada”, explicou-nos o Henrique, de 21 anos, morador deste bairro desde pequeno.
Nos últimos anos, o largo e os jardins têm sido remodelados, sobretudo para atrair turistas e beneficiar o comércio. Foi retirada uma faixa de rodagem, o que dificulta a saída e entrada de veículos de emergência e circulação de carros no geral, com o objetivo de aumentar o passeio para acomodar esplanadas. No entanto, à medida que nos afastamos do largo principal estes passeios são extremamente estreitos, com o piso irregular, onde é impossível a circulação de cadeiras de rodas. Mas esta não é a única dificuldade que passam as numerosas pessoas de mobilidade reduzida neste bairro. As casas são antigas e não estão preparadas para este tipo de necessidades, não tendo elevador ou outras facilidades. Na nossa conversa com Luís, bombeiro há 18 anos e, como tal, familiarizado com os problemas da zona da Graça, percebemos que cabe a estes profissionais ajudarem as pessoas que não conseguem autonomamente sair de casa e realizar as suas atividades quotidianas.
“Devia haver uma maior preocupação por parte dos vizinhos e dos condomínios”, opinou o bombeiro.
Mas a vizinhança está diferente. Com as rendas extremamente altas, é difícil para jovens portugueses decidirem mudar-se para a Graça e manterem-se lá, pelo que estas casas acabam por ser ocupadas por turistas ou tornadas em hostels e alojamentos locais. A quantidade de turistas é um fruto desta vasta oferta e investimento no comércio, e é bastante positivo para a economia, no entanto traz as suas consequências.
Luís começou por afirmar que estes turistas nem sempre respeitam os locais, sendo extremamente barulhentos durante a noite sem ter em conta que as casas não têm qualquer isolamento acústico e que os vizinhos podem ser idosos ou pessoas que trabalham.
Outra consequência é a população local não se sentir em segurança, como é o caso de D. Alzira, de 59 anos, que vive na Graça desde sempre. Com esta enorme afluência de turistas e uma população local envelhecida, os carteiristas multiplicaram-se e os assaltos aumentaram. Uma das vítimas foi o Sr. Mesquita, de 80 anos, que sugere maior policiamento das ruas.
Este senhor revelou-se uma pessoa extremamente ativa e dinâmica, e expressou o seu interesse em serem criados grupos de convívios de séniores para a realização de atividades ao ar livre e passeios a outros locais. Esta foi uma questão também abordada pela D. Alzira, que afirmou que os convívios existentes eram mais destinado para homens e que entre mulheres estes eram raros.
Esta atividade fez-nos ter outra perspetiva sobre a vida neste bairro de Lisboa, os seus problemas e a sua população. Percebemos que a maioria das pessoas consegue apontar algo que tem de ser mudado, mas nem sempre conseguem sugerir uma sugestão concreta de como resolver. Notámos ainda que apesar de um certo descontentamento, a população continua a querer viver neste bairro e a querer que este melhore.


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